(Professor Jônatas Frazão)
Sinceramente, não entendo essa do
PT paraibano. Na corrida contra o tempo, com os partidos já colocando seus
blocos na rua, o PT fica empurrando com a barriga a decisão mais óbvia de se
tomar na eleição deste ano, que é apoiar o pré-candidato do PMDB ao Governo do
Estado, Veneziano Vital, e indicar um membro seu para a chapa.
Não entendi, por exemplo, porque o
PT na última reunião de seu diretório decidiu retirar a pré-candidatura de
Nadja Palitot ao Governo do Estado, mas não decidiu sua postura na eleição,
quando o óbvio está na cara: o PT não pode se aliar a Cássio nem a Ricardo
Coutinho, que são oposição a Dilma. Então, até mesmo por exclusão, resta a
aliança com o PMDB. A não ser que o PT opte pelo improvável suicídio político
de se alijar do processo.
Por outro lado, pacientemente,
Veneziano e o Senador Vital esperam que o partido deixe de birra e anuncie o
apoio. A verdade é que o PT não está tendo com o PMDB, na Paraíba, a atenção
que Vital tem tido com o partido em Brasília. Vital tem sido correto com a
presidente Dilma. Todos acompanham pelo noticiário nacional.
Vital cumpriu seu papel de aliado
ao assumir a presidência da Comissão de Orçamento e aprovar o OGU como o
governo queria; cumpriu seu papel na condição de presidente da CPI do
Cachoeira; cumpriu seu papel na reforma ministerial, evitando dissabores
maiores do governo com a Câmara dos Deputados e, agora, atua conforme o governo
quer na condução da CPI da Petrobras.
Com isso, vemos que a conduta do PT
paraibano está forçando os irmãos Veneziano e Vital a tratar o PT como ele se
apresenta: apenas um tempo de TV precioso e nada mais. Vendo isso, Vital, que
não é bobo nem nada – tanto que chegou onde está e tem tido o destaque nacional
que nenhum outro senador de primeiro mandato conquistou na história recente da
política brasileira – já está agindo.
Esta ação passa por procurar
alternativas para compor a chapa de Vené. E o senador e seu irmão agem
politicamente, na Paraíba e em Brasília, onde as negociações avançam, para
compor a chapa. O primeiro movimento foi em direção ao PR, de Wellington
Roberto.
A movimentação já produziu o
primeiro fruto: uma engenharia política vai proporcionar a ascensão de um
vereador do PR na Câmara de Campina Grande, Rodolfo Rodrigues, a partir da
licença de um peemedebista, Metuselá Agra, que assumirá um cargo em Brasília,
por articulação de Vital. É um sinal de que os dois partidos estão afinados.
Aliás, o próprio Wellington tem
articulado em Brasília sua indicação para a majoritária do PMDB, com aval do
PT. Isso mesmo, o PT, que faz beiçinho para indicar nome à chapa de Veneziano
na Paraíba, poderá indicar um membro de outro partido, consolidando sua posição
de partido que entra com o tempo de TV na campanha peemedebista e nada mais.
Outra articulação envolve o PSL,
via indicação do ex-senador Ney Suassuna como companheiro de chapa de
Veneziano, para o Senado. Seria a volta de Ney à política da Paraíba, após a
decretação de sua inocência no famoso caso das ambulâncias que o prejudicou na
disputa pela reeleição, em 2006.
Outra frente foi estabelecida com o
PSC, da Família Gadelha, que já havia entabulado conversações com o PSDB de
Cássio e hoje, nas palavras de Marcondes Gadelha, encontra-se dividido entre
PSDB e PMDB. Com a abertura da conversa mais enfática, é ‘pule de dez’ para que
os dois partidos fechem uma composição.
Somem-se a isso os acenos do
prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, ao PSDB. Ninguém entendeu até agora
as mudanças em seu secretariado, contemplando os tucanos. Como é, por exemplo,
que Dilma vai apostar em Luciano Cartaxo, único prefeito petista dentre as
capitais do Nordeste, se o seu homem de comunicação vota em Aécio Neves?
Aliás, por falar em Luciano único
prefeito petista do Nordeste, caberá a ele, por esta condição, a
responsabilidade de compensar a diferença dos votos que Dilma perderá em
Pernambuco, estado de seu adversário Eduardo Campos. E Luciano terá essa
incumbência por ser, repito, o único petista a dirigir uma capital nordestina,
ou, ‘a estrela do PT no Nordeste’, como muitos fizeram questão de dizer quando
de sua posse no cargo. E como ele fará isso, se está inflando sua equipe de
tucanos?
O que todos estão vendo – e Dilma
também, não se enganem – é que o PT de Luciano Cartaxo tem tratado o PSDB, na
Paraíba, bem melhor do que o PMDB, num momento em que Veneziano precisa da
definição petista para dar um ‘tchan’ à sua pré-campanha e num momento em que
Dilma precisa, em Brasília, dos préstimos de Vital e de seu PMDB. Essa
descortesia, essa desatenção, pode custar caro.
Diante deste quadro, vemos que o PT
pode dançar nesta eleição, podendo ser obrigado a oferecer apenas o que tem de
mais precioso, que é o tempo de TV, para uma chapa formada sem qualquer membro
de seu partido, mesmo diante de tantos acenos e de tanta insistência por parte
dos peemedebistas.
O PT vai acabar entregando a cereja
do bolo e tendo que engolir o bolo inteiro, goela abaixo, sem refrigerante para
desentalar. Por obra e graça dos que, hoje, comandam as decisões e não aceitam
ver além do que enxerga seus próprios umbigos. É que, no PT da Paraíba, só os
umbigos enxergam.
*professor aposentado da UFPB. Este comentário
também está publicado no meu Facebook

Permita-me discordar de suas reflexões, o Governo a nível nacional não é só do PT ou o cargo de vice foi excluído de uma candidatura, gestão, governo; segundo você diz que o PT só tem tempo de propaganda e como você classifica a presença do PT na campanha do PMDB da paraíba de "tchan", o PMDB da PB, primeiro tem que se entender internamente, assim como o PT, mas só pra refrescar os esquecidos na campanha passada (2012) os irmãos Rego em alguns municípios impuseram candidaturas, em outras deixaram de apoiar o próprio partido, por projetos pessoais, e agora querem impor posição de apoio no partidos e achando pouco querem interferir nas decisões de outros.
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