Dois tanques experimentais foram
construídos na propriedade e em cerca de 3 meses, 400Kg de camarão foram
produzidos a base dos rejeitos de água dessalinizada. Segundo o proprietário e
empreendedor Roberto Gaudêncio, que também é dono de uma empresa de
comercialização de água dessalinizada, os rejeitos da água dessalinizada são
salgados e isto associado às condições do solo e do clima, possibilitou a
produção de camarão com alta qualidade e considerável valor comercial.
Cada camarão produzido na Fazenda
Agreste pesou em média 15 gramas e isso elevou seu valor comercial. O valor
bruto de sua venda por quilo gira em torno de R$ 30,00 e de acordo com o
empresário Roberto Gaudêncio, essa quantia pode dobrar se o produto for
industrializado como é sua intenção.
Em parceria com o Sebrae e UFPB, um
projeto foi formulado para buscar o financiamento de 10 tanques de
resfriamento, a fim de que em breve espaço de tempo, apenas nesta propriedade cerca
de 2 mil quilos de camarão estejam sendo produzidos por mês, gerando renda e
empregos a partir de uma nova alternativa econômica.
“Nossa expectativa é gerar de 10 a
15 empregos diretos com a industrialização do produto que pretendemos fazer. Se
isso for apoiado pelo poder público e incentivado junto a outros empreendedores
rurais, poderemos ver nascer no Cariri e durante uma das maiores secas de sua
história, uma nova alternativa de renda em consonância com os limites
pluviométricos da região”, ressaltou Roberto Gaudêncio.
A pesquisa que originou a
descoberta da produção de camarão em pleno Cariri foi comandada pelos
professores doutores da UFPB, Rui Macedo e Marcelino Cavalheiro.
Segundo o professor Dr. Rui Macedo,
o beneficio do projeto é significativo para a região, porque o Cariri tem um
grande desequilíbrio hídrico potável e a água necessária aos seus habitantes
provém da superfície e é insalobra. “Estamos nos utilizando de barragens e
poços subterrâneos e essa água precisa ser dessalinizada. Com a produção de um
resíduo salino que nem pode ser consumido, nem lançado ao solo, pensamos em
reaproveitar esse rejeito para ser um instrumento de produção de camarão, que
se desenvolve em água salgada e no caso específico do Cariri, percebemos que em
condições melhores dos que os produzidos na área litorânea”, relatou o
pesquisador.
E complementou: “Esperamos que a
dessalinização seja feita em maior quantidade de propriedades e através de
parcerias público-privadas, mais empreendedores possam está reaproveitando sua
água perdida, isto é, insalobra, para a produção de camarão. Trata-se de um
projeto economicamente viável que deve ser disseminado no Cariri como nova
alternativa de geração de renda e empregos”, arrematou o professor Dr. Rui
Macedo.
Ana Paula Sousa Araújo tem 31 anos,
mora em Serra Branca e atualmente está desempregada. Ao saber da notícia, ela
afirmou que espera o incentivo a essa nova alternativa econômica, porque a
região está fadada a oferecer empregos públicos, em sua grande maioria através
de contratos provisórios, que não dão segurança a quem quer trabalhar na
região, quando não são insuficientes para o número de pessoas que como ela está
em busca de um emprego.
De Olho no Cariri
Klebson Wanderley


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